Argumentação

Expus verdades e sentimentos mortos

na penumbra dei à luz apetites loucos

expostos em tecido rubro e roto

li e reli a textura do corpo

todos os parágrafos e pontos da língua

trêmula e nua em frenética aventura

pela epiderme dos lábios sedentos

sonhei um horizonte tatuado

nas pétalas que revelam

a pintura de um sonho ausente

ternura distante e essencial

nas curvas de minha alma insolente

fui presa de sonhos passivos

mas hoje despertei enluarada

sem tréguas, abraço o vento

zunindo ao meu ouvido docemente

exigindo que minha voz se expanda

e transforme numa fração de segundos

argumentos adormecidos e meigos traços

em rebeldes paisagens de ficção e realidade

hábil acrobata, lanço essências

versejo com rimas imprecisas

sorrio, pois o choro está retido

o sentido está implícito no desejo

e na variante leve da verdade

Agora sei que provo e concluo

verdades eternas que chegam a doer

o véu se rasga, o chão se abre

e dele surge um novo ser

renovada estou agora

pronta para florescer...

Francis Faria
Enviado por Francis Faria em 11/08/2007
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