A Pipa

A P I P A

Valdir Cremasco

Ao sopro do vento sobe ao céu.

E vai subindo pedindo ao menino,

Para deixar rolar solta a linha do carretel.

Sorri feliz, sem se importar com o perigo.

Ao suave toque do menino começa a bailar.

Pra lá e pra cá... Pra cá e pra lá.

E vai dançando como a se importar,

Em fazer feliz quem a faz no céu voar.

De quando em quando um puxão forte

Apaga seu sorriso por instantes

Mas logo percebe que não precisa ralhar

O puxão é apenas para do sonho acordar

Olhando a cena fico a imaginar

A vida do menino a pipa empinar

Que semelhança com minha vida terá?

Ao sopro do amor subi ao céu

E quando subia pedia à menina

Que não me amasse apenas ao leu.

No ritmo desse amor

Comecei a dançar.

Dois pra lá dois pra cá...

Dois pra cá dois pra lá.

De repente a ausência se faz presente,

Já não quero sorrir já não quero dançar

E sem perceber, começo a chorar.

A pipa sorri quando a linha corre solta no carretel

E ela mergulha cada vez mais na imensidão do céu.

Mas meu sorriso se perdeu quando meu amor me soltou

Fazendo-me mergulhar em busca de quem sou.

Estendo a minha mão à espera de outra mão,

A mão amiga no vazio a me segurar

E dessa queda vertiginosa me livrar.

Ah menino que fica a sonhar

Enquanto sua pipa faz voar.

Não sabes a tristeza que me dá,

Quando sem sorte a linha quebrar

Ou cansado do céu olhar

Seu carretel começa a enrolar.