Fantasmas
Olho no espelho
Não quero ser reflexo
Dessa vã sociedade
De sua rotina sem nexo
A dor de não achar
O meu real lugar
É o que me faz todos os dias
Ardentemente, chorar
Por que tenho que ser
Uma cópia desmedida
De toda essa gente
Que não sente frio na barriga?
Por que viver trancada
De frente pra tela a esperar
Junto com os meus fantasmas
O tempo que está a passar?
Na sofrência desse labor
Que só aumenta a minha dor
Por que não posso eu, dentre tudo
A minha arte escolher?
Minh' alma chora, grita, clama
Todos os dias da semana
Pra que não se apague a chama
Dessa paixão que a inflama
Pois, desde a infância, sabes tu
A arte que hoje eu escolhi
Outrora, sempre e eternamente
Tem escolhido a mim.