Sopa de Letras
Sopa de Letras
Fizera eu, uma sopa de letras.
Depois de pronta.
Coloquei duas, três conchas bem cheias.
Num prato fundo, profundo...
Com uma das mãos, empunhada.
Numa colher em prata cunhada.
Comecei a sopa, ingerir...
Engasguei-me, com algumas letras.
O H atravessou-me a garganta.
O Y fizera-me tossir...
Fizera-me, algumas letras, expelir.
A, D, X, C, E, B, M...
Fartei-me de tanto comer.
E quanto mais comia.
Mais letras, boca a fora, fugia...
Quando me dei por conta,
Até a chama, apagara da vela.
Não havia mais sopa.
Confuso, ainda faminto.
Sem sopa na panela.
Escassearam-se as palavras.
A barriga ainda roncava.
Sem rimas, não compusera,
A derradeira poesia.
Adilson Tinoco