Negrinha
Para Maria Basília Couto
Negrinha era morena,
Era pequena e serena.
A manga de sua blusa
O cotovelo escondia.
A saia era bem comprida,
E seu joelho não se via...
Longos eram seus cabelos,
Presos em coque formado.
Tudo com muito zelo
De nos deixar admirado.
Firmeza tinha na voz,
A frase entoava bem.
Histórias pra todos nós
Negrinha tinha também.
Seus olhos de amor cheios
Com óculos nos amavam
E diziam sem rodeios
O quanto nos estimavam.
Só me lembro dela antiga
Mas ainda nas costuras,
Das filhas grande amiga,
Sempre ao lado, nas agruras.
Às vezes, adoecia,
Mas tudo era passageiro.
Vinha o doutor, prescrevia...
Eis a vida, por inteiro.
Lembro aqui bem preciso,
Da existência um dia
Em que vovó, num sorriso,
Um presente me daria.
O meu nome bem gravado
Na caneta lá estava,
A deixar mais bem marcado,
Um laço que não acabava...
Passa o tempo, passa a vida,
Mas não vão as coisas boas,
As pessoas tão queridas,
A quem escrevemos loas...