MULHER

Eu não sou essa senhora quieta

que assiste a vida passar;

sou vulcão, sou lava acesa,

sou grito na escuridão.

Sou corpo rolando na cama,

sou uma floresta em chama,

sou raiva, revolução.

Não sou essa conformada mulher

que escuta e não diz nada.

Não sou freio, sou arranque;

não reduzo, acelero.

Não sou o “não sei”, sou o “quero”.

Não sou defesa, sou luta;

não sou paz, sou ataque.

Não sei o que levou

a ficar quieta e calada,

essa mulher mal amada.

Não sei qual foi o momento

que a tornou tão parada.

Não sei o que deve fazer

pra sair da letargia.

Por fora: comportamento,

por dentro: alucinação;

por fora: água parada;

por dentro: um turbilhão.

Se briga, se grita, se clama,

é só de noite e consigo.

Passa a noite e vem o dia

e continua tão quieta:

Acorda, revive, desperta,

mulher de tantas idades!

É nosso esse mundo insano,

é nossa essa sociedade!

Rachel dos Santos Dias
Enviado por Rachel dos Santos Dias em 08/08/2007
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