Além da Curva
Um pouco além da esquina na rua escura
Sempre haverá faces carentes à procura
Por vezes mudas ou perdidas na loucura
Querem calor, alimento e alguém por perto
Que as façam enxergar além do deserto
Que banhem seus corpos em água e afetos
Mas a visão cruel da turba é míope e surda
Imersa no egoísmo de sua vida obscura
Encarcerada na moldura de sua pintura
Dormem na cama dura de papel e cimento
A dor e a revolta lhes corroem por dentro
A violência explode em mil cacos no vento
De todas as idades em sua realidade dura
Fora da estrutura, são pontos além da curva
Trocados não lhes bastam nessa conjuntura
Precisam ser abraçados e terem identidade
Acordemos a cidade entorpecida e covarde!
Chance a todos não é utopia, é necessidade.