Síntese
As flores espelham as estrelas
Luzem no campo como cacos
De vidro caídos do céu –
O universo em fragmentos.
Primavera suspira.
Uma opressora leveza
Dobra todos os joelhos. Há uma reza
No engenho da noite.
Alguém flerta com uma ideia contrária
Aos princípios. O começo e o fim se fundem
Na lógica do horizonte.
Não há mais o ranger das diferenças.
Tomo a mão de outro como se fosse minha.
A voz da multidão na minha garganta
Permite o céu da boca cintilar:
Reconheço que todo desejo
É digno de existência.