A VÉSPERA DAS VESPAS E DAS PERAS

Elas sabiam pelo tremor dos ferrões

Que o amanhã seria o derradeiro dia.

Não teriam gordos insetos por sobremesa,

Mas densas peras sobre a polida mesa.

Quem mandou fazerem ninho

Tão perto dos homens mesquinhos.

De véspera sabem que amanhã é tormento,

Perderam a última chance de irem para longe.

Muitas vespas vésperes radiantes de negror

Preferiram enforcar-se no arco-íris múltiplo.

A fruta pode até ser doce, mas o açúcar

É flagelo para as vespas, é pífio castigo.

E dolorosamente todo o vespeiro sabe de véspera

O horror frutuoso que as espera nas peras amarelas.