Corredor da Morte
Congelam a alma o sol e o frio,
No meio do mapa, passa um rio,
Remido do sangue derramado
Na Guerra de Quatorze;
O tempo e o vento
Contam histórias lá de baixo do Equador – do Rio Grande –
Insurreições e conflitos,
Nenhuma novidade
E denunciam a invasão moderna da Amazônia:
As folhas das árvores respondem Amém!
Outubro e novembro são águas passadas,
Dezembro já vem
Depressa, como cavaleiro,
Esporeando o lombo dos dias anteriores,
Chicote aqui, chicote acolá,
Ansiando pelo corredor da morte
Para nos mostrar;
Outras vozes, além do vento,
Esparramam ditos assim:
A bem da verdade, tudo é fumaça
Na vida que passa, na gente também.
(Belo Horizonte, MG/1972)