O velho que queria matar o cão
O cabrão de um velho
levantou a enxada
para atacar o meu cão.
Lancei os gritos afiados
que se cravaram nos braços
perfurando-lhe a intenção
que uma levada não é
mais importante que um animal
feliz, o meu amigo.
Se as palavras pudessem matar
haveria mortes pelo pedaço
de terra baldia, árida,
mortes por hortaliça poluída
dos escapes dos veículos
leves e pesados, indiferentes.
Mas o meu cão
sorria com a boca
e por todos os dentes,
de língua rosada, vergada
ao peso da alegria sem freio
e os olhos foram dois discursos de paz,
imune ao ódio
do momento e assim
me calou com o seu abanar
de cauda bandeira branca.