como

como esse céu azul

como os chinelos virados esperando

como os carros em disparada

como as meias balançando ao vento

como a moça na janela desesperada e solitária

como as orelhas encardidas

como as maratonas de seriados

como as ratazanas desproporcionalmente gordas

como as promessas de fim de ano

como as canções esquecidas

como as árvores que esperam virar folhas de papel

como os aviões que não cansam de voar

como as mensagens que não desistem de chegar

como as novas modas

como a falta de atenção

como o telefone que não atende

como a falta do que falar

como a sombra

como aquilo que não sei

como tudo aquilo sobre você

como o que não quer chamar

como o domingo

como a feição que não há

como a nova febre

como aquilo que não viu

como tudo

e a fome não me cansa de chamar