Silêncios
Hoje, quatro de dezembro de dois mil e dezesseis,
uma amiga me noticia a morte
de Ferreira Gullar.
Soco no estômago!
Por uma espécie de sentimento corporativista,
acuso o golpe.
Meu pai, ao lado, lendo jornal,
fico lamentando a morte do poeta:
Poxa, morreu! Quem? Ferreira Gullar! Mas já tava bem acabadinho!
Fico imaginando se tinha acabado.
Se tinha algo mais a dizer. Se diria mais alguma coisa em poesia.
Não cabe a pergunta.
Embora triste, me consolo.
A poesia se reproduz
nos silêncios do que já foi dito.