O OUTRO

Vou embora de mim

que esse meu eu já não me cabe.

Sorri quando me entristeço

e se gargalho esmorece

blasfema se faço prece.

Vou embora de mim

que não caibo nesse ser

que ao me ver frente ao espelho

finge que nem me conhece

e que meu eu não o merece.

E sem ter constrangimento

desdenha minha pessoa

talvez por não ter-me apreço

ou por qualquer coisa à toa.

Porém nunca sai de mim

parece mesmo um castigo

habitando-me esse estrangeiro

e eu a lhe servir de abrigo.

Saulo Campos - Itabira MG

Saulo Campos
Enviado por Saulo Campos em 21/11/2016
Código do texto: T5830749
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