O OUTRO
Vou embora de mim
que esse meu eu já não me cabe.
Sorri quando me entristeço
e se gargalho esmorece
blasfema se faço prece.
Vou embora de mim
que não caibo nesse ser
que ao me ver frente ao espelho
finge que nem me conhece
e que meu eu não o merece.
E sem ter constrangimento
desdenha minha pessoa
talvez por não ter-me apreço
ou por qualquer coisa à toa.
Porém nunca sai de mim
parece mesmo um castigo
habitando-me esse estrangeiro
e eu a lhe servir de abrigo.
Saulo Campos - Itabira MG