De ser mulher

E com essa de igualdade,

Faltou companheirismo, lirismo

Perdeu-se a reciprocidade.

A mulher chegou ao céu, deu outra vida à terra

Dos ares fez-se senhora, em boa hora,

No lugar que quiser, vestida de bem-me-quer

Manda na paz, é dona da guerra.

E agora?

Agora, querem que se vire

Que encare

Que aguente

Se arrebente

Se cale.

Agora, o poder causa medo

E fogem da bomba

De chocolate e de estrogênio

Da arma letal, da flor de metal

do novo milênio.

Agora, que se faça um movimento,

De fora para dentro!

Ás pressas e às avessas

Sem conta dividida, meta repartida,

Sem artimanhas travessas.

Vou voltar a ser Amélia!

Quero porta do carro aberta,

Mão que ampare, cuidado,

Estar ao lado, palavra certa.

E de alma descoberta,

Lugar pra sentar,

Preferência pra ficar,

Braço dado, casaco emprestado

Rua e luar.

Quero ficar sem medo

E não voltar tão cedo

Do porto seguro, maduro

da graça do teu altar.