Carne viva

Deitado sobre a carne viva,
sangro ,ofegante.
Há um olho no centro do céu,
ele abre e me molha com lágrimas de verão.

Estou com o rosto fragmentado,
uma estátua de mármore
teria mais emoções a manifestar.

Deitado e derrotado sobre a carne viva
que é minha alma,
escarpada e solitária.

Não existe mais esperança final,
tudo foi lavado,
levado embora com a última chuva.

As gotas eram de sangue,
do meu sangue, do seu sangue,
do sangue de todos que mastiguei
e ruminei durante a vida.

Deitado sobre a própria carne viva
do ferimento que não cicatriza,
causado por todos anos de 
fracasso,
inveja,
inglória. 

Morto como um cão na rodovia,
esmagado.
Vivo como um abutre,
bicando os restos decompostos
de uma vida amarga.

A luta não chegou ao fim,
mas joguei a toalha antes do primeiro
golpe.
Larissa Prado
Enviado por Larissa Prado em 26/10/2016
Reeditado em 27/10/2016
Código do texto: T5803482
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