FATHER-CROSS

FATHER-CROSS

As unhas ranhuras rabiscadas

na parede de madeira antiga

tinta descascando por cima

cobra de veneno doce cobre

tua pele de cinzas dos provérbios

que tentas deixar aos outros

um candelabro escorrendo velas

derretendo suas mãos doloridas

arrasta-se até as escadas

que descem no esconderijo

dos vermes malditos

foi o que deixou escrito

quer morrer ventania de séculos

abridor dos céus procurando

anjos decadentes caídos

o que sentia era o desespero

sua cruz não é mais íntima

sua luz não reconhece esta prece

moribunda que morde lábios

todo vulto da oração

que pretende é sádico

quando sai está sagrada

todo culto dos menores

que trêmulos guardam perfume de rosas

caídas no chão

frações úlitmas rasgam sua boca

nada pode escapar da tormenta

os excluídos são agora livres

vivas ao grande mártir

olhos de estrelas-guias indo ao mar

querem o fluxo luminoso de netuno

o que deixa areia profunda

na beira do que vermelho

está banhado de todo reino

desafiado de todo reino ofuscado

de todo reino criado desde antes

tornou-se um mistério flácido

o homem-santo ruínas do mágico

perde o interesse no trágico

sobre o sufrágio da vocação

que inaugurou adorando

o contrário de toda oração cantada

do que acreditava sobre as águas

quando sai...está sagrada.

MÚSICA DE LEITURA: EARTH - CODA

João Marcelo Pacheco
Enviado por João Marcelo Pacheco em 27/09/2016
Código do texto: T5773632
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