Balada da Rosa
Sem querer saber o teu nome/
Ofuscado por tua beleza/
Ele compra o corpo/
Como quem põe a mesa/
Expoente da boemia/
Taciturnamente voraz/
Desnuda a roupa da veia/
Beija-te a boca/
Como quem assenhora-se do paladar/
Come-te a carne/
Como se tu nadas tinhas a dar/
Lambuzando-se até se fartar/
Num breve gozo sem par/
Sempre te levando numa dança vulgar/
Depois de satisfeito/
Larga-te as chagas/
Com uns poucos trocos/
Saindo porta a fora, a gargalhar/
Como se fosse o dono do lugar/
Esviscerada, a mulher ali deitada/
Sem dizer nada/
Na miséria ignorante/
Levanta, veste a roupa/
E volta a sua balada/
Pela situação/
Pela má associação/