ponto fux

é daqui, minha dançarina,

que vemos o mundo de novo,

é daqui, depois do salto

que conversamos com as formigas

e compartilhamos olhares com

os gafanhotos,

é daqui, onde o rio se alarga

que compreendemos o tempo,

a salmora que nos escorre por dentro

e soletramos com as duas mãos

os pesadelos do coração,

é aqui que os opostos se tocam,

que enxergamos com outras lentes,

que damos conta dos fingimentos.

é daqui, minha dançarina

é daqui

nesse lugar

onde tua juventude se afoga

e não pode salva-la, que tua

imagem lapidada no forno da vergonha,

queima,

como queima

tudo que já não serve,

é que agora podemos

dançar, mais leve nesse sereno profundo

Andrade de Campos
Enviado por Andrade de Campos em 30/08/2016
Reeditado em 30/08/2016
Código do texto: T5744825
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