ponto fux
é daqui, minha dançarina,
que vemos o mundo de novo,
é daqui, depois do salto
que conversamos com as formigas
e compartilhamos olhares com
os gafanhotos,
é daqui, onde o rio se alarga
que compreendemos o tempo,
a salmora que nos escorre por dentro
e soletramos com as duas mãos
os pesadelos do coração,
é aqui que os opostos se tocam,
que enxergamos com outras lentes,
que damos conta dos fingimentos.
é daqui, minha dançarina
é daqui
nesse lugar
onde tua juventude se afoga
e não pode salva-la, que tua
imagem lapidada no forno da vergonha,
queima,
como queima
tudo que já não serve,
é que agora podemos
dançar, mais leve nesse sereno profundo