SENSAÇÕES
Sinto uma a uma
ainda que sem sentidos.
Faço-me de morto
e interpreto a vida.
Bem como ela é.
Mas como não quero que seja.
Ouço ladainhas, carpideiras,
réquiens e piadas de velório.
Séquitos de ex-amigos, ex-algozes,
ex-patrões.
Dezenas de pessoas que gostei
e ex-gostei.
Na ribalta não há luz. Nem medo.
O escuro ajuda a disfarçar
a canastrice.
Parece fácil interpretar o viver.
Mas não é!