repartição

ali, na parede

o relógio com

áurea de seriedade

com o seu ponteiro

girando como gira

as coisas que se repetem

como gira o pêndulo

da hipnose, e gira

e menos gira

no lento tormento

da espera, o brilho

do tédio toca sua lira,

e mais nos prende,

a vida que não dá

no relógio, como essa

que às 12 em ponto marco

noutro relógio, o de ponto,

de onde o pão e a água são

gestados, e ai de mim, se não

me colocar a venda a preço barato,

cavalgar a vida, que gira como

o rastro do sol transloucado , que

no trajeto pinga sangue rente aos mancebos e meninas

que já se molham ao sopro de um lábio,

com sua pegada de sede e vontade , que acende

as copas do desejo, que no ínfimo

batuque do coração, conversa com

as coisas do mar, a vida, ela, a vida,

que não entra nessa repartição,

Andrade de Campos
Enviado por Andrade de Campos em 15/08/2016
Reeditado em 15/08/2016
Código do texto: T5729160
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