repartição
ali, na parede
o relógio com
áurea de seriedade
com o seu ponteiro
girando como gira
as coisas que se repetem
como gira o pêndulo
da hipnose, e gira
e menos gira
no lento tormento
da espera, o brilho
do tédio toca sua lira,
e mais nos prende,
a vida que não dá
no relógio, como essa
que às 12 em ponto marco
noutro relógio, o de ponto,
de onde o pão e a água são
gestados, e ai de mim, se não
me colocar a venda a preço barato,
cavalgar a vida, que gira como
o rastro do sol transloucado , que
no trajeto pinga sangue rente aos mancebos e meninas
que já se molham ao sopro de um lábio,
com sua pegada de sede e vontade , que acende
as copas do desejo, que no ínfimo
batuque do coração, conversa com
as coisas do mar, a vida, ela, a vida,
que não entra nessa repartição,