NUVEM VERMELHA

No final da madrugada,

fui à janela,

e vi que o sol não havia saído de sua nublosa morada;

e nem havia esquentado as fechadas azaleias.

Mas deixou um sinal:

uma nuvem ficou rubra.

Logo na madrugada final;

a nuvem ficou escura.

A nuvem ganhou um tom avermelhado.

Cuja cor, era semelhante a do meu telhado!

As nuvens cinzentas desistiram de fazer a chuva,

quando viram-na com a cor da uva!

A nuvem, aos poucos, se deslocava.

A fenomenal cor, ao céu, mostrava.

Será que ardia?

Será que era a luz do meu dia?

Como ficou vermelha a nuvem gigantesca!

Parecia que Deus havia pintado uma coisa pitoresca!

A nuvem vermelha tornou-se o meu brinquedo.

Fiz de tudo para colocar o dedo!

Suspeitavam as neblinas;

fugiam como espantadas meninas!

Eu mexia demais com os meus pensamentos;

qual era o motivo de tanto enrubescimento?

A janela me deu o gratuito ingresso,

pois sabia que a nuvem espetacular não passaria

na televisão!

Jamais desejei o seu regresso;

jamais desejei a partida, daquela que furtou

a cor do meu coração.

-Gabriel Eleodoro

Rio de Janeiro, 24 de janeiro de 2000.

Gabriel Eleodoro
Enviado por Gabriel Eleodoro em 04/08/2016
Código do texto: T5718354
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