Alumiar

Nesse céu que paira

Sobre esse tempo custoso,

As estrelas e suas noites,

O sol ardente, que em minha pele

revela sua presença, me mostrando as coisas

Do chão, o medo rarefeito, um confeito

A me lembrar das escadarias, alguns

ficaram na íngreme subida, tão doce o

olhar quando lembro e isso

me corta, dilacera, mas pensar

nisso já é alimentar mais degrau que

se materializa no devir.

Já não sou o mesmo, logo após

O ocorrido posso ver o rosto dela

Impregnado no tecido da vida, esse

sonho uni-presente que a tudo sopra

com sua língua insatisfeita.

Tem luta que já nasce injusta,

A flor combalida respirando a beleza

De seu encontro, mesmo que tardio,

Com o mistério de estar viva, olhar

pela janela tem o seu risco, mas como deixar

de perguntar? se nada de seguro nos disseram,

esse piso eu sei que é provisório, ele me

sustenta, mas é provisória essa verdade.

as lembranças acordam, com se elas fossem

mesmas donas de seus descansos , e susto se faz nesses

instantes terríveis, e pulmão se esforça numa

vigorosa respiração que venta uma terra que se anima

Ao mais leve desvelo de um olhar que percebe,

Estamos todos juntos nessa viagem impossível,

Andrade de Campos
Enviado por Andrade de Campos em 21/07/2016
Reeditado em 21/07/2016
Código do texto: T5704660
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