existência fixada
À janela, os olhos seguem
A rua, esculpida da pedra bruta,
Um dia, esse vasto volume aberto,
Foi espaço inexplorado, alguém
Deu a primeira machadada, o primeiro
Golpe que deu as trevas a cara de passagem;
Carrega corpos e vendedores
De sonhos, é tão fácil enganar,
É tão fácil se enganar, o que
Real nessa rua que acontece.
Em meus olhos, não sei se
Basta o retorno das pedras, ou
Essa luminosidade que se evapora de
Outras janelas, o pássaro não
Sabe do sofrimento das árvores,
E se soubesse, continuaria cantando
A sua vida breve;
Mesmo no caroço claro do
Dia, a sombra insinua em
Tua morada, houve cidades
Soterradas, que ainda lateja
Na memória do corpo, as coisas
Que insistem tem nelas, a existência
fixada