ABALA PERDIDA
ABALA PERDIDA
A sinceridade é uma coisa perversa
minha conversa com tua amante
foi entediante e amiga
ela confirmou minhas teses
desde que conheci teu elemento
pressentia algo criado pra ser consumido
como iguaria fresca
permitindo que o tempero
seja qualquer motivo que apareça
por provocar teu charme
em todo lugar diante de mim
a sinceridade obrigou-me a olhar
aqueles olhos desviados
procurando toda mosca
que voava intrusa
inseto objeto que pudesse
mudar de assunto teu medo
de ver minhas mãos trêmulas
impassivas segurando tua beleza
que ameaçava cair
ruia o teto sobre teu colo
de um lado p'ra outro
suas pernas pareciam
querer sair sozinhas
levando teu corpo já delicado
ainda pleno de razão profunda
pra algum lugar vazio de mim
consolando n'outro amante
ou na forca do mirante
pra ver meus olhos d'água
que escondo por orgulho
a sinceridade duvida da morte
quando ela veio entrou sem receio
sentou-se na poltrona mais larga
criando espaços colhendo
almofadas pra sentir-se confortada
olhando todas escolhendo
algumas entre todas
pareciam-lhe conhecidas íntimas
até o algo incomum entre
nós duas surgir derrepente
do meio das minhas pernas
elas estavam certas
sobre o tempero que faltava
quando ele vinha validar seu crime...
...foi tudo que eu disse
agora viste podemos consumir
este caso
experimente minha raiva
de longe abatida
sem tocá-la nem dizer adeus
podemos ficar esperando ela voltar?
MÚSICA DE LEITURA: Jolie Holland - old fashioned morphine