AQUELE ENCONTRO

AQUELE ENCONTRO

Joanete perturbável

caminhei horas de salto alto

sem sombra nenhuma

alguma ia correndo não conseguia

alcançar sua forma indelicada

pertencente a mim

desviando seu corpo

me deixando no fim das contas

pronta entregue errante no além

quem reponde pelo que quer

quando vai embora

ainda me deixa desagradável

invadida de ransos por ter

esquecido meu bronzeador favorito

raios de sol raios que me parta

gostaria de ser outra

amável indiscreta solúvel

podendo ser absorvida

podendo ser uma dívida

de qualquer bom rapaz

procurando desfazer feridas

ele encontrou um bom lugar

perto da saída

devo sentar ser próxima

ótima estadia no café beer-party

colossal vergonhoso minhas roupas

jamais combinaram com

o crime das ondas solares...

...o primeiro desvio de olhares

a xícara na ponta dos dedos

um sorriso falso

sempre foi um segredo

das damas socias da pose

um péssimo enredo tedioso

mais o gosto do charme é bom

e brota fissuras

logo trará um bilhete "molhado"

dobrado na bandeja

um convite pra sentar à sua mesa

ser a surpresa que não existia

uma companhia debochando

do calor forte masculino

dos que ficam por perto olhando

babando latidos

invocando seus cetros

tentando de vez em quando

forçar meus olhos atentos

ao "destino de banheiro"

o garçom logo me viu na entrada

arrumou a mesa de centro

por bem gostaria daquela outra

que ficava de frente ao bote certeiro

e vem ele de novo

rosto caridoso quase um livro

escrito no corpo

entregar-me de qualquer jeito

pelo bem do respeito

demorou a me dizer

começando sem querer

está servida senhorita

como posso chama-la

deixe assim

recolheu as coisas postas

sem resposta ouvida

deixou cair o que trazia

um papel que não lenço

borboleta cor de mel

propenso feito pra ser aberto

um inferno corrompe meus dedos

toca meu corpo como veneno

fiquei cega de destino

criei uma história

e a derrota da mesmice invocada

tornou-se verdadeira...

" a primeira canção que ouvi

resgatou meu íntimo

depreciado por um golpe

era você entrando na porta

era eu me permitindo ser feliz"

nada mais podia ser tão fixado

qu'eu podia perfurar o outro lado

das dimensões

e ver nós dois nas pulsões

corações pulmões e fervor de beijos

ardor de sentidos amor vivo

matando arpejos dos anjos

cupidos flechados por dentro.

MUSICA DE LEITURA: Billie Holiday - Stormy Blues