MINHA ALIENAÇÃO DE ESQUIVA
MINHA ALIENAÇÃO DE ESQUIVA
Telhados sobre as brumas
que vem das montanhas são tão leves
nada impede o mundo de acabar
deixei um momento quebrar-se
de onde estava não podia
mais alcança-lo
se fosse busca-lo poderia tropeçar
em mim mesmo
despertar minha severidade
gritar de raiva pelo ferimento
causado no descaso da alma
inquieta conduzida almejando
apenas alcançar uma taça de vinho velha
um taça de vidro imitando
as taças anti-traças dos ricos
iria dar silvos nas vozes vindas
não permitam que ela suba
vai hibernar profunda na escada
trazer as lenhas do banhado
ficar no bosque isolada
pedir esmolas ao feirante
nas manhãs de sábado
comendo os frutos sem sabor do rio
sem amor adorante do frio
por que saiu da pintura
que tracei pra ficar contemplando
amando o descaso
como se fosse um caso
o descaso não me traiu
ficou esperando-me voltar
bem ali no espaldar enfeitado
com minha blusa de lã tramada
que trama parecida copiada
quando desci pra juntar os cacos
do intervalo do espaço
do mísero completo embaraço
de saber onde começo de novo
a ficar "chapada" de vida
encurralada num vicio
de ar limpo impiedoso
sem pena alguma de quem
por ai por acaso de tudo
me procura
olho a textura despedaçada
caída fragilizada sem o poder
do conjunto
aquele poder de estar junto
formando qualquer coisa
que de coisa damos nomes
que nada existem de verdade
esta maldade veio perturbar
rosear meu rosto
a vontade perturbada torna-se valente
vou colocar os pedaços
n'outro lugar pra enfeite
o problema do presente
é que ele fica pra sempre
eles ameaçam viver de novo...