CENAS D'AVILTA
CENAS D'AVILTA
Ela nunca se casou
por que amou um suicídio de verão
um mito tatuado moreno
serenos de prazer no fim da estação
acabam chovendo
imitando novelas
modernas serão as falas triviais
polindo asperezas da certeza miúda
o ponto fraco da aguda
sensação de bem estar é fino
o coração cria pulsando
na fruição de pele
flexão que nada mede no primeiro dia
tudo deva ser divertido
com tanto que amado
faça ser possuído num rito
onde o vacilo não incomoda
traz-me pra dentro me engole
nunca devolva meus sabores
prefiro que roube
pra que amanhã possa sentir sua falta
permita viver sem saber
que virá trazer flores
o tédio amanheceu ao meu lado
acorde este dia havia nascido
um litro e meio de perfume derramado
uma face avulsa que repulsa
pela vontade além das roupas
que uso
um mito debutante sem calor
pelo calor farsante disfarçado
agonizante contuso
no frio dos meus olhos surpresos
com meu oráculo da noite
amanhecido e pleno
quer entrar revistar meu quarto
além do tato falado
de um "beijo de esquina"
eu menina seria prato servido
ao amontoado de desgraça
que vinha correndo
porque era muito cedo
ao longo de horas
não nos via
eu queria um "fora" de prima-inserida
como faca no peito
tinha o direito de ser achacada
desrespeitada invalidada
da minha tez bonita
queria sofrer de mágoas
p'ra sentir saudades
queria estar aflita na janela
vendo a bela imagem da rua vazia
do vento marasmo carrasco
trazendo minucias das vizinhas
embonecadas esperando
talvez este mesmo envelope
que vem aberto sem segredo
entregar-se.
MUSICA DE LEITURA: JOLIE HOLLAND - OLD FASHION MORPHINE