Recomeço
(...era tempo de deixar o passado entregue à sua inquieta paz.” – J. Saramago)
Ainda amarga a doçura da ilusão
Presente vivo dum passado distante
Dádivas vivas novas dúvidas da paixão
Na dicotomia de uma paz inquietante
Sombras murmuram por todo canto
Relembram odes de tempos inquietos
Amor adormecido em braços incertos
Nos convés sobre um mar sem encanto
Mas cada manhã traça novo limiar
Para a paz inquieta vigilante na areia
O passado triste – à vida presenteia!
Farol sem dúvidas constante a iluminar
Aceito outros lábios andarilhos
Nas curvas que convergem a um novo amor
Vem noturno envolvido em novos brilhos
Antiga chama renovando seu fulgor
Durma a noite sombria resguardada
Reduto escuro de amores desfeitos
Na simplicidade vivida com quase nada
Relembrarei dores consertarei defeitos
Serei sonhar sem se desvanecer
Manhãs tardias nas angústias de ontem
Hora da inquieta paz adormecer
Viver devaneios – que todo amor contém!
É sublime morrer querendo amar!