A MÁGOA PERECÍVEL
A MÁGOA PERECÍVEL
Um pouco de amor serve...
um minuto de você pra sempre
um segundo do sono perto
do frio deserto de linguas
que falam
um décimo crescente da saliva
sem letras cortantes
seja forte proibido
seja a morte no fim
do suicídio do esperma
quem se importa com eternidade
um dia ela entra abre a porta
nos derrota fere amantes
mostra outro ser também
querente do começo de tudo
uma hora adiada de futuro
pr'o tempo conhecer meu abismo
um dia de folga do mundo
um mês roga princípio no escuro
podemos desejar sem crer
esperar estando próximo
seria ótimo beber sua água
aquela mágoa terminou doce
dentro de mim
quando depois de certo instante
criando tragédias da miséria
que seria tão séria
olhava a janela querendo
ser pássaro sem asas
depenado empalhado
você aceitou meu sim
foi delirante esvasiante das garrafas
deixadas na estante
esperando um momento
que fosse fermento profundo
pra tornar o fundo da pintura
relevo de nervos simpáticos elásticos
porque foi a noite inteira
quando preferimos dormir
já raiava o dia protegendo
um amor de verdade
que foi apenas duras cenas
de um minuto
se as estrelas falassem.
MÚSICA DE LEITURA: The Beatles - Down Let Me Down