O SAL PERFUMADO DAS ILUSÕES PROFUNDAS
O SAL PERFUMADO DAS ILUSÕES PROFUNDAS
Essa noite vou no drive-in
essa noite vai ser sozinho
estou com os dedos afiados
as cordas soltas
querendo tocar seu sonho
de outro amante do lado
vou conhecer teu veneno
pelo cheiro adultero
que vai pousar de madrugada
o mesmo que enlouquece
depois vira de bruços
morta de mim
fui usado compilado de homens
preenchido enchertado
como peça que faltava
ao desenho do seu amor
esta noite as paredes contarão
teus pecados
sentirão tua loucura em outros braços
no compasso seguro
do muro que transporta tua fuga
de mulher comum
dos jardins da casa
das coisas passadas na mesa
da mesa passada de roupas
do perfume tão belo
do aconchegante elo
descartado desolado olhando em volta
porque o telefone não toca
quem te provoca
quando fica aflita convicta
não poderia ser outra mulher
das amigas "convites de jantar"
daquelas sobremesas dificeis
tão doces impossiveis de engolir
via você sorrir de verdade
me lembro da tarde
quando no parque viajavamos
a outros países
aquela sua cara tinha risíveis
conjuntos do meu vacilo
do amigo que namora a garota
por outra vontade
de ver o que a roupa
apronta no escuro depois
de tonta dos beijos
cai pendurada exposta traída
mendiga ao chão como sujeira
que deva ser varrida
me vingo na poeira
por sob o "tapete de carro"
meu amasso não foi num corpo
quando de assalto no asco confuso
saio fluído gasoso alcoolatra
quebrando a porta da garagem
me tornando a coragem
que nunca tive de prender
minha raiva possuída
fui destruir minhas lágrimas
contruir com as lástimas
que perderão razões
numa prostituta quem me aceitara
pelo que o dinheiro pagava
p'ra ouvir bobagens
de todo homem inválido plástico
revestido de inocente
alguma coisa que me deixasse em pé
fosse coerente como a fé
que neste ponto da vida
Deus foi a benção das bocas
compradas no falo agoniado
embebido de "fogo animado"
procurava sair na sobrevida
respirar meu atônito corpulento
cheio do si mesmo
ainda desejo de ser homem
naquele momento
que a maçã criadora do traído
cuspia em mim
todo veneno da verdade do manso.
MUSICA DE LEITURA: John Lennon - YER BLUES