O CÁLICE PEQUENO
O CÁLICE PEQUENO
A faca em cima da mesa
a porção do cadaver ainda cheirava
era tarde do mesmo dia
era cedo pra fechar as cortinas
havia sorriso d'outro lado
havia mentiras escorrendo
descendo atrás dele
sombrio nasce do fundo da alma
colhe venenos tomados
cortava os pulsos sem coração
não era nada engraçado
mascar a ilusão do infinito esvaindo
num bandeija de aço
derrepente beijava ela
sentia o corpo quente ainda
lembrava do corpo doente
em cima da mesa olhando
de olhos cegos do mundo morto
comia com vontade de falta
ela nunca lutou contra isso
vicio tomado desde o inicio
o principado do quarto
tinha valetes cortados colados
na parede dizendo as fantasias
do espetáculo as sombras
loucas pareciam negras ilusões
no quarto pinturas de auto-retrato
movia-se o cenário
quando as luzes apagavam
eram os hilários servos do benzido
de "olhos abraçados" ouviam
um soluço que cortava o espanto
do medroso sentido que não sabia nadar
oceanos salgados curtidos nos lençois
beiravam a margem
da Modéstia que tomava hóstia
no domingo
estavam muito perto de sua "água doce"
teimava por não lavar
seu vestido sonhado no escuro
da lavanderia lá embaixo
estava estendida corrompida
ensaiava uma transa...
todo pecado tenha-me como fruto podre!
MUSICA DE LEITURA: EARTH - High command