OMBROS DO TEMPO
O tempo pescou, à beira da estrada,
Belo cesto de lembranças.
Do samburá amarrou a boca
com laço de fita
(bonita)
Nó frouxo,
(Bem solto ) a dar facilidade
Para as futuras repescagens necessárias,
Saudosas do bem vivido.
Os dias caminharam dissimulados,
Enganosos de possíveis eternidades.
No samburá, o fugaz.
Recordações não permanecem
Em estreito lugar,
Sub-reptícias elas vazam pelas malhas
Fogem do estreito
Em busca de novidade,
Liberdade
Voar voar
Ao longe das paredes do peito.
Vazio, o cesto de palpáveis lembranças
Pulsa e pula atrás dos peixes que saltam,
Imprescindível recolhê-los,
carregá-los no coração, lugar de sentimento.
Pobre tempo,
Alguns morreram antes da chegada
À festa da colheita.
Outros, ofegantes, buscam ar
E a busca os devolve à origem.
Samburá vazio do palpável,
malhas murchas nos ombros do tempo,
Este que tropegamente caminha
Pensando no sol da pescaria.
Senta-se, cansado, à sombra
E tenta,exausto, recolher lembranças vazadas.
Eterno pescador...de ilusões .
Dalva Molina Mansano
16.06.2016.