Nascentes

vesti de ausências as noites

o avesso da lua

a lágrima derradeira

adormeci

sem nome que me acalentasse

sem palavra que me embalasse

apenas o escuro infatigável

é urgente

apenas o engano do tempo

mata-me

apenas o segredo e o silêncio dos nascentes

reverberam a ternura do orvalho nos lagos de cinzas magoadas

apenas o teu nome pergunta por mim

no meu poema

enquanto na folha de papel

misturo letras indecifráveis

garatujas doloridas

ajuntadas com as mãos trêmulas da madrugada

enquanto as velas dos barcos

dentro da névoa das manhãs

são sombras brancas

gravando de saudades o infinito