indelicadeza

tem dejetos

que grudam

no assoalho,

arrancando,

renasce, mostrando

outra face, de modo

que a cada nova

ceifada, cria-se

raízes mais fundas;

e queima o solo

como na pele, a brasa.

e de tão presente

a distração se torna nula;

-----------------------------------

os golpes

(espadachins nunca souberam ler)

vem envelopado;

claro que o mundo

mudou;

a canalhice não

sabe atirar, nem

a foice lhe cabe na mão,

sua delicadeza é constrangedora.

a melhor parte

é essa: a dúvida que nos calava

dirimiu-se:

em cobras nascem asas

--------------------------

vagar em terras sem donos

me dá um punhado de alegria,

se alguém

levantar a bandeira

de posse antes que

erga meu lavatório,

não seria absurdo,

já que o estranho é o

grande morador do universo,

empreitar nova viagem

a cada susto não é saudável

para as coisas da cabeça,

plantar uma cidade

começa com madeira

e prego, o imagem de que

ali nascerá casas e ruas

é concebida regando a terra.

-----------------------a cada ponte

quebrada, um retorno,

madeira e prego

no fundo profundo

do lago escuro

desnecessário,

se soubéssemos

fazer asas com nossos tormentos;

só aprendemos a bater

pregos e amontoar palavra,

e quase nada se mostra

salvo da dilaceração

que o tempo propaga,

a devastação está ai

aos olhos da pele.

se pelo menos um barco a vela,

Andrade de Campos
Enviado por Andrade de Campos em 30/04/2016
Reeditado em 30/04/2016
Código do texto: T5620901
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.