NA ORDEM DOS BRUXOS

NA ORDEM DOS BRUXOS

Jantava cedo esperando as

vozes calarem sinais ocultos

nada acontecia

para haver tantas

coisas faladas

mal via a rua logo a noite

logo veio a chuva mudar

alguma verdade solta

tudo prometia ser exato

quem crê no fim perfeito

cre na sorte contada

morre antes de perceber

que um jogo vale

mais do que pessoas reais

e os sinais ficaram dançando

lá fora num agora

desejando que eu vá encontrar

uma mulher estranha

sentada no saguão

antes do trem partir

antes do desejo por ela

permitir entender por razão

razão suga córneas adultas

ao vespeiro do intocado

torna mistério um vulto

que nunca aconteceu

por ser insulto ao destino

premeditado

eu ia vencer o cansaço

num lugar ainda deserto

da memória

o tempo veio contar

outra história

a beleza é magica

os olhos inventores de alma

hipnóticos malévolos

usam o mesmo cardápio

a presa é visível

eu estava visível

ela era insensível

deixava-me o gosto adentro

na volúpia do vento

que trazia um recado

ela esqueceu um bilhete

será um bilhete de passagem

depois dos sorrisos trocados

ela subiu no trem

o mesmo trem que deveria

ser meu

papel dobrado guardava

o descuido

que vivo estúpido

permaneço ainda do lado de fora

um candelabro de uma vela

se acende sozinho

no escuro pela janela

a sombra escreve

meu nome...

...você aceita?