NA ORDEM DOS BRUXOS

NA ORDEM DOS BRUXOS

Acordo doente mistério

coisas estranhas circundam

voam de lado

voam acima voam sorrindo

fábulas inteiras passando

um vesgo branco de orelhas

abertas boca sem dentes

sem cabelo de pele cinzenta

endiabrado tramava

“profanando águas que derramam”

pequenos insetos

na lâmpada que balança

sem vento sem ver direito

meus próprios dedos

sofro desatento imerso

num bálsamo inquieto

caindo secreto sobre meu corpo todo

eu vejo a sensação do

profano alimentar meus sonhos

meus sonhos parecem

estar vendo meu tempo

pareço estar sonhando

um santo do calvário no ornamento

das paredes vem descendo

trazendo dores de santo

que manto matinha ele

determinado no canto

das mazelas de abade

pinta aquarelas loucas

nos trapos que me vejo agora

vestido

um livro aberto uivando

arranhando os vidros da janela

cantando

riscos correm soltos adiante

adiante um pouco a frente

seu “presente” avante

tente não olhar o que escuta

vibram no meu corpo

todos os adereços que tenho

minha roupa desabotoa

abotoa livremente

meus sapatos saíram

caminhando

meu relógio pulsa

meu relógio de pulso

é um morcego fincando

sem dentes

estou sangrando...

...permita-me acorda-lo

o que veio nos dizer?

MUSICA DE LEITURA: https://youtu.be/7tYycv0P3BE