Chicotada no peito desnudo do bebê
Sinto muito frio,
daqueles que esgarçam a espinha sem dó
daqueles que fazem esquecer a nossa raiz.
Cada vez mais sinto frio,
como aqueles que derrubam montanhas
como aqueles que fazem o rio deixar de parir.
O frio é ainda maior,
feito aqueles que destrilham as vértebras
feito aqueles que deixam os sonhos apodrecer.
Este frio não passa,
do jeito que faz a alma virar lama
do jeito que faz a compaixão virar algoz.
Que frio danado,
parece uma chicotada no peito desnudo do bebê
parece o desprezo que faz o sol desistir de nascer.
Que frio da peste,
que deixa a folia se acovardar até sempre
que deixa a aspereza do não destravar suas amarras.
Frio maldito,
que faz a vida esmigalhar meus ninhos
que faz a cor nunca mais sorrir de vez.
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