Tua casa
Um dia entrei em tua casa
E lá, tu, braços abertos.
Comi em tua casa, bebi do teu ar, jurei ficar.
Brinquei teu cachorro, perfumei tuas flores.
Não devia ter jurado.
Tua casa era tão grande, eu fiquei tão miúdo, tão mudo.
Tinha mato em volta dela, tinha terra vermelha,
Um céu nascia azul, eu podia jurar.
Vivi tua família, morri teu servo.
A comida de tua casa enjoou-me e o ar, dela se foi.
Tuas flores morreram, jurei fugir.
E assim foi: chorei tua casa.
Saí de lá, vim embora lembrar.
E aí, lembrei tua casa até nunca mais.
Não volto à tua casa sem remédio que te cure.
Não fecharás tuas portas e nem tuas janelas.
Ali ninguém mais entra, ninguém mais mora, ninguém mais há.
Exceto eu, tua casa.