MEUS OLHOS AQUINOS
I
Ser poeta lembra-me um pouco
Minha querida avozinha
Porque bordo palavras no papel
E ela ornava com lindos desenhos
suaves como o mel
Os lençóis que eu dormia
Por isso hoje meus sonhos
São tão docinhos, docinhos
II
Paixão é uma das melhores
Experiências fora do corpo
Que conheço
Correr pelas veias alheias
Ser os trilhos ou o trem
Na ferrovia de alguém
III
A beleza enche os olhos
Mas não preenche a alma
O prazer sacia o desejo
Mas não mata a fome de espírito
IV
Quero ser bem pequeno
Feito grão de areia
Mas se algum dia me tratarem
Como poeira
Vou me agigantar
Viro montanha
Tenho muita alma pra isso
V
São tão pequeninos
Esses meus olhos Aquinos
Dois travessos meninos
Lágrimas ao chorar
Brilhos quando sorrir
Falam sem palavras
Porque não sabem mentir
Meus dois meninos Aquinos
Confidenciaram-me uns segredos
O esquerdo admira o passado
O da direita vislumbra o futuro
Sei que um deles é delicado
Mas o outro é duro
Um deles grita que é sofrido
E outro sussurra que é puro...