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ESPERANÇAS MORTAS
Na esperança de plantar
e colher o seu sustento,
todo rural nordestino
vê chuvas no pensamento.
«Parece que vai chover»,
diz-se àquele lavrador,
que logo parte pra roça,
pois bravo trabalhador.
De roçadeira na mão
e num dos ombros a enxada,
muito ditoso o roceiro
sai quase de madrugada.
Mulher, três filhos miúdos,
na choça também a sogra,
o campônio pensa grande
– a necessidade cobra.
E mete a foice nos matos,
capricha mais num aceiro,
dias depois queima tudo,
até virar fumaceiro.
Está no ponto o roçado!
Glebas todas preparadas,
pois, após queima da broca,
coivaras foram queimadas.
Nuvens no céu, um azul,
mas pouca chuva no chão;
mesmo assim, o camponês
inicia a plantação.
Neblinas, chuvas esparsas,
algum verdor no plantio,
e lá vem dos sóis braseiro,
faz novo inclemente estio.
Seco o sertão nordestino,
gados mortos, vidas tortas,
gente a pegar um caminho,
levando esperanças mortas.
Fort., 20/03/2016.
ESPERANÇAS MORTAS
Na esperança de plantar
e colher o seu sustento,
todo rural nordestino
vê chuvas no pensamento.
«Parece que vai chover»,
diz-se àquele lavrador,
que logo parte pra roça,
pois bravo trabalhador.
De roçadeira na mão
e num dos ombros a enxada,
muito ditoso o roceiro
sai quase de madrugada.
Mulher, três filhos miúdos,
na choça também a sogra,
o campônio pensa grande
– a necessidade cobra.
E mete a foice nos matos,
capricha mais num aceiro,
dias depois queima tudo,
até virar fumaceiro.
Está no ponto o roçado!
Glebas todas preparadas,
pois, após queima da broca,
coivaras foram queimadas.
Nuvens no céu, um azul,
mas pouca chuva no chão;
mesmo assim, o camponês
inicia a plantação.
Neblinas, chuvas esparsas,
algum verdor no plantio,
e lá vem dos sóis braseiro,
faz novo inclemente estio.
Seco o sertão nordestino,
gados mortos, vidas tortas,
gente a pegar um caminho,
levando esperanças mortas.
Fort., 20/03/2016.