Estuário da Saudade

Noite derramada na foz da saudade

No interstício de qualquer tempo

O estuário da memória transborda

Desaguando no oceano da tua ausência

Os olhos voltam-se à margem

Onde flutuam os dias presentes

No mergulho de todas as buscas

O fôlego do pensamento

Que sempre te respira

No velejar dos gestos cotidianos

A mudez do brilho das estrelas

O refugiar da solidão no horizonte

Talvez por ser no infinito

Que as pálpebras se abrem

Ao fluxo de todas as perguntas

À superfície dos meus silêncios

Todos os anseios e desejos

E o afluir de todos os sonhos

No cais do tempo, a serenidade

Que não atraca em meu peito

No ancoradouro dos olhares

A vigília sedenta da espera

Fernanda Guimarães

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Fernanda Guimarães
Enviado por Fernanda Guimarães em 03/03/2005
Reeditado em 25/08/2008
Código do texto: T5567