O Amor é um Túmulo

O amor é uma fome e uma sede que nunca se sacia,

O amor é a ponte da insuspeitável e incurável tristeza

Que funde dois corpos em uma mesma ilusão tão vazia;

O amor é a luz morta que corrompe a verdadeira beleza.

O amor é o veneno que circula em todo débil organismo,

O amor é a tarde que chora e sorri em qualquer realidade,

É a chuva vazia de silêncios e alaridos cheia de falsas verdades,

O amor é o desejo em possuir do corpo e da alma todo colonialismo.

O amor é um coração acelerado alimentado pelo erro;

O amor é o leito onde duas almas nuas não se despem realmente.

O amor é o beijo traidor que finge chorar em nosso enterro,

O amor é o sexo animalesco que entorpece nossa estúpida mente.

O amor é esse imenso fogo que queima e cria novas feridas,

O amor é o vento que desfolha as tuas lágrimas e destinos.

O amor é a terra que sepulta a sete palmos as nossas vidas,

O amor é o templo da mentira em que rezam os teus sinos.

O amor é o infinito que sucumbe num só momento,

O amor é a árvore frondosa que enforca nossa coerência;

O amor é o algoz fruto que apedreja a nossa frágil inocência,

O amor é a cruz que nos sacrificamos e que lá nos esquecem.

O amor é o túmulo onde nossas liberdades jamais se tecem;

O amor é a dor que desatina nessas almas que se desconhecem.

Gilliard Alves
Enviado por Gilliard Alves em 05/03/2016
Reeditado em 13/01/2024
Código do texto: T5564003
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