O Amor é um Túmulo
O amor é uma fome e uma sede que nunca se sacia,
O amor é a ponte da insuspeitável e incurável tristeza
Que funde dois corpos em uma mesma ilusão tão vazia;
O amor é a luz morta que corrompe a verdadeira beleza.
O amor é o veneno que circula em todo débil organismo,
O amor é a tarde que chora e sorri em qualquer realidade,
É a chuva vazia de silêncios e alaridos cheia de falsas verdades,
O amor é o desejo em possuir do corpo e da alma todo colonialismo.
O amor é um coração acelerado alimentado pelo erro;
O amor é o leito onde duas almas nuas não se despem realmente.
O amor é o beijo traidor que finge chorar em nosso enterro,
O amor é o sexo animalesco que entorpece nossa estúpida mente.
O amor é esse imenso fogo que queima e cria novas feridas,
O amor é o vento que desfolha as tuas lágrimas e destinos.
O amor é a terra que sepulta a sete palmos as nossas vidas,
O amor é o templo da mentira em que rezam os teus sinos.
O amor é o infinito que sucumbe num só momento,
O amor é a árvore frondosa que enforca nossa coerência;
O amor é o algoz fruto que apedreja a nossa frágil inocência,
O amor é a cruz que nos sacrificamos e que lá nos esquecem.
O amor é o túmulo onde nossas liberdades jamais se tecem;
O amor é a dor que desatina nessas almas que se desconhecem.