SANTO DE INFINITA TRISTEZA - Poesia nº 27 do meu segundo livro "Internamente exposto"

De quem lhe trouxe as

Amargas lembranças nuas

E atadas, a percorrer um

Longo caminho no oculto,

Nesta vida em desalinhos

E de verdades tão cruas;

Compadecer-se-á, nas

Sobras de um eterno vulto!

A mente será fácil presa

De fatalidades escolhidas,

Que fere, no desabar de

Um céu de vidros afiados...

Limpam-se injustiças cegas

Do homem, tão sofridas,

Porém, ficam mágoas na

Carne por tantos pecados!

Nada lhe escapa, mesmo

Sendo de um bom coração,

Onde o penhor da obediência

Foi torpe sacrilégio mundano;

A despedida sem misericórdia

Ao olhar de um irmão,

Faz-te incapaz diante da

Escolha exata do soberano!

Ainda se achas feliz?

Se até tristeza é teu alimento,

Qual fadada é ao plantá-la

No corpo e, sem o saber,

Onde sua guerra interior

Nunca a vencerá no tempo,

Mesmo que pela pureza da

Tua alma, fales pra não sofrer!

Quando enfim partires da terra,

Levando contigo incertezas,

A revolta em seu espírito se

Acalmará, reconhecerá a fé

Que a vida deixou em tronos

De desonra e fraquezas...

E da morte antes temida,

Perante ela, por-se-á de pé!

Dentro de um túmulo de barro

Ao que se criou a tua imagem,

Inda que em teu lar, feito santo,

Tente ser ela, inteira esquecida;

A infinita tristeza em sua pele,

Vestida como uma roupagem,

Jamais será largada quando

A tua carne for consumida,

E a alma sem dó, destruída!

Eduardo Eugênio Batista

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Setedados
Enviado por Setedados em 04/03/2016
Código do texto: T5562812
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