CARNES - Poesia nº 26 do meu segundo livro "Internamente exposto"
Minha alma faz-me cortes,
Furando como aborto,
Esse meu corpo parido,
Desabitado de juramento;
Um ser regurgitado,
A transmutar-se,
Num vivo morto.
E se ali sobrar...,
Encher as frações
Do esquecimento!
E vermelha,
Intensifico as vergonhas
Torpes, afastadas da cura,
Revelando-me sanguinolenta,
Em minhas vis matérias;
Alimentando-se de mim,
Na eterna e crua loucura,
Doando-me em vida, nas
Ruas das minhas artérias!
Percorro caminhos que antes
Eu não quisera conhecer...
O que foi meu pai nestas esquinas,
Num jorro sem amor me fez nascer;
Meu pedaço de mãe que ficou,
Era o umbigo e já apodreceu;
E a parte que agora sou eu,
Em fatiadas dores se perdeu!
Eduardo Eugênio Batista
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