AS PORTAS DO CÉU E DO INFERNO - Poesia nº 25 do meu segundo livro "Internamente exposto"

Degustando-me à lembrança

De luxúrias ambivalentes,

Sinto escorrer esse amargo

Do fel, na minha língua suja;

Esta que percorreu em delírios,

...Os labirintos dos inocentes!

Em todas as horas impúdicas,

Como fossem pregos cravados,

Usados pelo meu espectro

Nas suas almas carentes,

...Penetrei o meu veneno em

Corpos cegos, usurpados!

Eu tento, mas não consigo

Livrar-me dessa peçonha,

Onde a vida me enterrou

As grandes presas do mal,

A condenar-me, neste grande

E profundo poço da vergonha!

Existe um ser mendigando

A carne bem dentro de mim;

Um castigo hediondo, que assim,

Leva-me dos prazeres ao suplício,

Feito este ser pecaminoso...,

...Num incandescente serafim!

Fui eu, uma criatura tão boa

Que infelizmente ficou assim;

Se mesmo por este trauma

Tu não entendas minha voz;

Eu jamais perdoarei o meu algoz,

Mesmo se a morte - vier pra mim!

No corpo, sou menino violador

De muitas cruezas marcadas;

Em face de anjo, eu me habito

Como um sofredor desprezível;

Eu, nas portas do céu e do inferno

Entrarei, por sinas amaldiçoadas!

Eduardo Eugênio Batista

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Setedados
Enviado por Setedados em 29/02/2016
Código do texto: T5558596
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