Sinestesia
Mesmo morena, sendo assim mesmo À uma amiga
Você tão ingênua, mulher das dezenas
Há de passar esse batom nos lábios,
esse sorriso cheirando a pecado
Esse nariz moreno, esse nariz pequeno
Apogeu das pegadas de mim até aqui
Ouço teu rir, doou-me a ti
Imperativa sugestão de teu falar
Ao meu sorrir
Como o insuflar do dedo de Deus
Teu corpo desnudo, fala mesmo mudo
Dos mistérios - sonhos, meninices -
Mimese da serena calma
Corta a palavra, vestes de lama e lágrima
O passado na luz do impávido
Encoste a chaga e veste o conto de fadas
Do encontro com teus anjos
Mesmo você menina moderna, medonha e morena.
Estanca teu golpe e estende a mão pra teu acusador,
não tens culpa de ser mulher, o estandarte de primeira significância.
Quando deixará o primeiro bandeirante desbravar o lagos de teu interior ? Teu corpo reza célebre de pura benignidade.
Cabrocha que altera meu passado ateu,
devo agradecer aos céus que tal graça me contemple,
estopim da conclusão, que a relés estima do quasar
seja a nossa ilusão, numa casa enumerada
ou num tapete pelo chão, descobristes ah de ser
a minha profissão em todos os teus risos e formas de mulher.