AUTORRETRATO - Poesia nº 15 do meu segundo livro "Internamente exposto"

Eu fico sozinho diante do espelho

E visualizo a cicatriz na minha testa,

Que acidentalmente pra sempre ficou.

Agora, aqui estou esvaziando as veias

Do destino, no momento que me resta.

Enfim, vejo, admiro os meus cabelos brancos

Da experiência, que nas minhas costas caem...

Sigo em frente olhando o vazio...,

Sem voltar atrás velhos caminhos.

No meu quarto um blues a tocar...

Lá fora, um céu se verte em seu breu,

Que quando inimaginavelmente o vejo,

Engole-me nos meus desgastes da realidade,

Camuflando-os nas suas poucas estrelas vigias,

Já cúmplices desta minha tentativa de atividade!

Sempre mantendo as horas dos

Dias chupadas na cura do tempo,

Faço um rabisco ora aqui, ora ali,

Seco o rio de quem já me esqueceu;

Emendo as letras que me remendaram,

Tento recriar momentos que deserdaram...

Antes as dinamites estrondosas

Arrebentando cabeças parasitas,

Do que palpites nas minhas prosas,

Torcendo as minhas palavras já ditas!

Então, só me resta ser como um passarinho

Que lá de cima, bem feliz e no vento a planar,

Defeca em pleno e belo voo,

Despreocupado com o rumo

Que a merda possa tomar...

Feridas se curam sim,

Neste eu dentro de mim;

Mas a imagem nunca se imita,

Do poeta que jamais se limita...

E não esquecer de que a vela, qual um dia acendi,

Nos propósitos de derreter as lembranças até o fim,

Pode voltar a ser acesa e dar vida a quem já pereci...

O autorretrato vem da glória, da fantasia ou castigo,

E acontece de um conto real dentro do que persigo!

Eduardo Eugênio Batista

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Setedados
Enviado por Setedados em 16/01/2016
Reeditado em 16/01/2016
Código do texto: T5512567
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