Liberdade
Todos esses anos/
Em sangue/
Em dor/
Ousamos forjar a razão/
Em teu nome/
Apesar da luta/
De comermos a miséria absoluta/
De falarmos as ruas sem amparo/
De teimarmos voluntariar o nosso tempo/
Nessa via Crucis/
Ainda não sabemos o caminho/
Pois que a justiça/
Embora se mostre nos dias/
Ainda não foi capaz de julgar/
E o povo ainda egoísta e ignorante/
Que se deixa permanecer indiferente e omisso/
Não consegue enxergar/
Ou pelo menos, aceitar a sua responsabilidade/
Nessa sociedade/
Talvez por isso a liberdade/
Ainda refém da corrupção/
Cuja Democracia/
Em verdade vos digo/
Não passe de um sonho vulgar/
Teime em querer argumentar/
Ou até quem sabe/
Doar outro nome/
Como é praxe emoldurar/
Mas para te manter calado/
Fazendo você pensar/
Pergunto-te se no tempo atual/
Temos que encarar como normal/
Um cidadão morrer de fome/
Um cidadão torna-se refém do medo/
Pra mudar de enredo/
Ficar acuado em sua casa/
Abalado por tantos horrores/
Entre grades, cercas elétricas e muros/
Trabalhar feito um condenado e não ter onde morar/
Não ter uma escola de qualidade pros seus filhos/
Ou quando enfermo se ver cativo da morte/
Se essa é a nossa sorte/
Por inventar ou contribuir pra independência dessa terra/
Sob esse tom/
Nem a esperança é capaz de imaginar uma saída/
Mas vale dizer/
Que enquanto eu ou você/
Tivermos nas veias a vida/
No peito a vocação de ser cidadão/
Acho, que esse sistema/
Vai ter que apelar, de novo para os grilhões/
Haja vista que estamos a uma nesga da escravidão/
Ou vocês preferem ainda ver por outra lição/
Há tanta gente discriminando/
Há tanta gente se preocupando em comprar/
Que ter ou ser/
Passou a ser a verdadeira tônica de libertação/
Se tudo se perder/
O que será da humanidade/