Violetas
Violetas.
Elas surgem todas as manhãs guardando parte da chuva da noite.
Filtram os tons amarelos do sol e transformam gotas em cristais que encantam meus olhos.
Observo-as imóveis e mesmo assim, profundamente marcantes, em seus tons de azul, rosa, branco e violeta.
Vejo as minúcias que guardam nas pétalas sensíveis com pontos luminosos.
Com elas chegam lembranças de um tempo onde sonhos tinham a vida inteira, o tempo todo, um tipo raro de sorriso...
Percebo no ar a fragrância imaginária que nunca foi delas, não daquelas que agora sorriem para mim.
Encantamento de menina perfumando o corpo e tingindo o ar de promessas.
Violetas que contam histórias...
Sou como elas.
Às vezes, sutil nos poemas lançadas ao vento;
Em outras, plena de saias, riso, planos, imaginação.
Em algumas, até lágrimas diante do quadro que quero tão perfeito.
Fragilidade e complexidade na beleza e na oferta.
De certa forma, enxergo-as assim como também me vejo...
Há em mim tanta doação na dependência daquilo que me faz vida.